Inácio, um adolescente de 15 anos, vive na casa de Borges, um despachante, para aprender a profissão. Com o passar dos dias desperta nele e em D. Severina, mulher de Borges, um desejo insaciável e ela acaba beijando o garoto enquanto este dormia.
No início parecia improvável para D. Severina, principal figura do conto, a ideia de trair seu marido com um garoto tão jovem. Porém ela adota uma postura essencialmente ambígua, contraditória e misteriosa. Mas com o passar do tempo ela parece aceitar seu sentimento pelo rapaz.
Esta mudança de comportamento por parte de D. Severina se deve também à péssima forma como Borges a trata. Depois aturar tanta frieza, ela se depara com um jovem ingênuo e carente, que lhe admira e deseja e isso mexe com a sua auto-estima.
Porém, o encanto de Inácio é por algo muito superficial (a beleza dos braços de Severina), já ela é atraída por algo muito mais profundo. O rapaz faz com que ela perceba uma sensualidade e feminilidade que ela jamais pensou que possuísse, é por isso que ela acaba tendo a atitude impulsiva de beijá-lo, justamente para se sentir mais viva e, conseqüentemente, menos submissa.
O interessante no conto é que Machado descreve detalhadamente todas as etapas de desenvolvimento do desejo em D. Severina, vai mostrando ao leitor vários sinais que indicam a presença desse sentimento até que o leitor perceba que ela está “apaixonada” por Inácio.
Ao final, depois do ato impulsivo do beijo, Severina se sente culpada, passa então à autocensura, cobre os braços à mesa como forma de punir a si mesma por tamanha loucura e trata o rapaz secamente. Borges acaba por dispensar Inácio sem mais explicações, o que frustra o leitor que esperava por um desenrolar maior e um desfecho conclusivo para a história.
Mas talvez a idéia de Machado de Assis era forçar o leitor a pensar no que acontecera para Inácio ser dispensado, talvez Borges descobriu tudo, talvez ele estivesse insatisfeito com os serviços a ele prestados, talvez D. Severina insinuou a Borges que seria melhor liberar o garoto, Potencialmente, resta sempre uma dúvida, uma incerteza, uma sensação de desconforto provocada pela não resolução das questões no texto machadiano.

Por: Raul de Lima, Antônio Umberto, Vitor de Lima, Gabriel Henrique.

     

9 comentários:

Interessante, apesar da paixão de Inácio por D.Severina ser "superficial", ela é espelhada em todas as outras relações afetivas que ele tem futuramente;já mesmo D.Severina tendo uma atração "mais profunda", ela logo após o beijo, sente que fez algo errado e começa a cobrir os braços e ignorar Inácio.
A traição esta não só nas ações, mas no pensamento e atração também, ela nem precisava ter beijado Inácio para se sentir culpada, mas ela sentiu que fez "algo errado" só quando pensou que seria descoberta.Isso me faz reafirmar meu pensamento de que D. Severina nunca foi apaixonada por Inácio e que teve somente uma atração por ele.Gostei muito do texto de vocês porque me levou a uma analise mais profunda sobre o conto.
Por:Letícia Vitória Neves Mamede

Boa resenha, acredito que boa parte da culpa sentida pela Severina foi por continuar a seduzir o garoto pois gostava de se sentir desejada, o que provavelmente seu marido não a proporcionava.

Apaixonado por braços, Machado de Assis os usa para caracterizar a mulher toda. Isso não é exclusividade desse conto, ocorre também em Dom Casmurro com a Capitu, que além de ser descrita como a menina dos olhos de ressaca, também tem seus braços descritos com cuidado
Machado tematiza o cotidiano e o casual, o conflito do homem com o meio que o cerca, que geralmente não é resolvido no desfecho das narrativas, ele não chega a expressar de forma sistemática suas idéias sobre o conto Essa artimanha de Machado, a meu ver, visa diminuir as expectativas dos leitores em relação aos textos, para que, durante e depois da leitura dos cotos, eles as superem.

Machado com essa característica de dar muitos detalhes, logo nos leva a pensar que o final sera de fácil compreendimento, mas onde ai ele faz essa jogada e deixa uma pulga atras da orelha, fazendo nos leitores a refletir o porque que acontece tal fato de nesse conto, Uns Braços, o despachante despachar Inácio de sua casa.

Romário diz:

Bem o comentário ficou bom, mas não discutiu nenhuma questão só contou os fatos, por exemplo, o grupo poderia ter discutido o porquê de Inácio se encantou com uma coisa tão superficial como os braços de Dona Severina, será que é superficial mesmo? Qual o ponto de vista adotado, ele é um rapaz que está na puberdade os braços de D. Severina para ele são muito, pensem nisso.

Machadiano, kkkk... Galera é o seguinte achei o texto de vocês um tanto interessante, mas não vi tanta diferença quanto às publicações anteriores, talvez seja pelo fato de todos aqui estarem cansados de lerem a mesma coisa. Vejo o grupo de vocês como um grupo criativo podiam de ter se aprofundado mais sobre esse assunto contado curiosidades que ainda não sabemos, pesquisado mais..coisa do tipo.Outra coisa,um fato que devo concordar:Machado era o top dos autores porque soube - mesmo sendo homem - usar dos elementos super-fulos femininos para demonstrar a nossa fragilidade quanto as encantos do ego,por isso muitas vezes sofremos por amor,mesmo os mais banais,caso de Severina pelo menino!!Além do mais, ele é daqueles que usa do cotidiano, da simplicidade para contar suas breves historias para estimular nossas críticas: uma mulher mais velha com um ''garotinho'',ou até mesmo vice-versa(homem mais velho por uma menininha).A única coisa que não gostei do conto,foi o fato dele não ter tornado essa historia mais intensa,mais proibida,mais mais...

Para min a principal figura do conto é o garoto Inácio, e realmente o final nos deixa uma dúvida sobre porque Inácio foi mandado embora.

Guilherme Goulart:
Bem o texto de vocês teve um desenvolvimento bom. Mas na minha opinião vocês desviam do assunto principal, que seria os tabus na sociedade, e acabam indo abordar de maneira vaga outros assuntos. E foram apresentados os tabus, até certo ponto, e foram exemplificados com trechos e fatos do conto de uma forma mais vaga. E realmente vivemos em uma sociedade machista, desde sempre tivemos uma grande dominação do homem na nossa cultura.

Guilherme Goulart:
Argumentos bom, mas há repetição do que os grupos já haviam falado anteriormente, mas mesmo assim conseguir dar uma olhar diferente dos demais e até mesmo mais abrangente do que os grupos anteriores.

Postar um comentário